terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Vivendo sem a Estação Luz

Quando utilizo o transporte coletivo, tendo a buscar a melhor experiência possível, para tanto, gosto de conhecer alternativas aos caminhos mais populares e compreender bem o sistema que eu estou usando. É mais ou menos como tentar dominar uma parte da cidade para dirigir nela sem precisar de um GPS, por exemplo.

Pois bem, com o triste incêndio que ocorreu na Estação Luz da CPTM, fiquei a ver navios, ou melhor, fiquei a não ver os trens. Como fazer para sair da Zona Leste e chegar na Zona Oeste sem ser massacrado na Linha 3-Vermelha (Itaquera-Barra Funda) do Metrô, principalmente ao passar pelo Brás? Minha resposta usual seria utilizar o Trem Metropolitano, embarcando na Linha 11-Coral (Estudantes-Guaianazes-Luz) e depois a Linha 7-Rubi (Jundiaí-Francisco Morato-Luz), mas não havia como chegar na Luz, logo, eu precisava de uma alternativa e não podia esperar pelo IPT.

Tentativa 1: na segunda-feira, 28, decidi madrugar. Cheguei muito cedo no trabalho e também dormi pouco, mas encontrei a Linha 3-Vermelha tranquila. Porém, não é nada agradável chegar na Barra Funda com 90 minutos de antecedência, até porque, o bairro não é compacto e só começa a ficar movimentado muito depois das 6h. Percebi que não estava disposto a chegar com tanta antecedência no escritório.

Largo do Paissandu

Tentativa 2: na terça-feira, 29, já tendo decidido que precisava acordar num horário mais próximo ao que acordava quando a Estação Luz funcionava, pois não estava disposto a chegar na Barra Funda às 6h, voltei ao meu itinerário normal, embarquei num ônibus alimentador e depois segui com a CPTM, respeitando a limitação atual e descendo na Estação Brás, optando por fazer um caminho fora do padrão, pegando mais dois ônibus: 5630-10 (Terminal Grajaú-Metrô Brás) e 9501-10 (T. T. V. N. Cachoeirinha-Largo do Paissandu). Para a minha surpresa e felicidade, os tempos previstos pelos apps Trafi e Moovit se concretizaram, assim, eu cheguei no trabalho e bati o ponto no horário habitual, com a vantagem de chegar bem mais disposto (a viagem foi mais confortável, apesar da caminhada entre a Avenida Prestes Maia e o Largo do Paissandu para mudar de uma linha de ônibus para outra).

Ônibus articulado da linha 5630-10

Concluo deixando como dica não subestimar o sistema da SPTrans, pois ele possui linhas operando no contrafluxo, que acessam áreas estratégicas dentro do Centro Expandido e estão acessíveis para quem se encontra no sistema de trilhos e, por algum motivo, se vê obrigado a buscar alternativas.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Sou apaixonado pela região do Tatuapé

Alguns amigos dizem que o mercado imobiliário estragou o Tatuapé, mas penso que, apesar da acentuada verticalização sofrida nos últimos anos, a região ainda reserva muita tranquilidade e, principalmente, muitos bares e restaurantes, que contribuem para conferir ainda mais charme e dinamismo.

Estação Tatuapé: três linhas de metrô, dois shopping centers, dois terminais urbanos e serviço de ônibus suburbano para o aeroporto. Tudo integrado

O principal problema no bairro do Tatuapé (ou na Vila Gomes Cardim, para ser mais preciso) é que o viário da região recebeu poucos ajustes ao longo dos anos. Ainda assim, vislumbro um bonde moderno (VLT) ou ainda, um serviço circular com ônibus movidos a bateria, silenciosos e circulando 24 horas, porém, ideias à parte, hoje o bairro é servido por várias linhas de ônibus, principalmente por aquelas linhas do Sistema Local da SPTrans, popularmente chamadas de lotação, em referência ao antigo transporte clandestino, feito com Kombis, Topics e Bestas, que em meados no novo milênio, deu lugar a cooperativas com ônibus de pequeno e médio porte (micro e midi).

Micro-ônibus na Praça Cel. Sandoval de Figueiredo, nas imediações do Shopping Metrô Tatuapé

O zoneamento, bastante permissivo, facilitou transformações que resultaram numa paisagem que mistura grandes edifícios, alguns verdadeiros clubes privados e isolados da vida urbana (um péssimo modelo, diga-se de passagem) e pequenos sobrados compondo a quase totalidade de ofertas de comércio e prestação de serviço. Oferece-se de tudo um pouco, uma verdadeira sub-centralidade, ou seja, pode não ser uma Vila Olímpia, mas também passa muito longe de ser um bairro dormitório. Com as ruas dispostas em xadrez na face sul da estação, caminhar fica muito mais fácil, especialmente quando você constrói um mapa cognitivo das ruas mais importantes.

Recomendo a todos que reservem um tempo para conhecer os parques da região, como o CERET, já no Jardim Anália Franco e experimentar os restaurantes, como a gelateria Marco Polo, o fast-food mexicano La Buena Onda e a hamburgueria Garage Burger. Opções mais boêmias estão disponíveis nas ruas Coelho Lisboa, Itapura e Emília Marengo.

Visitar o CERET é sempre um programa agradável

Usando os trens da Linha 11-Coral da CPTM, é possível chegar no Centro de São Paulo em aproximadamente 15 minutos. Para compras populares, ainda com a CPTM, é possível acessar facilmente bairros como Brás e São Miguel Paulista, importantes no nicho em questão.

Rua Emília Marengo: conta com bares e serve como porta de entrada para o Jardim Anália Franco, além de estar conectada à Rua Itapura


Fica aqui o convite! Nem só de bairros como Pinheiros vive o morador de São Paulo!

Centro Comercial Alphaville, uma agradável surpresa

Em outubro/2015 decidi visitar Alphaville. Havia escrito uma crítica sobre a Estação General Miguel Costa para o COMMU e, durante o processo de pesquisa para elaboração do artigo, acabei tropeçando com uma tese.

A tese legendava uma figura com a seguinte descrição:

Centro empresarial tem calçadas largas e ambiência agradável.

Ao lado, um parágrafo destacava a viabilidade dos deslocamentos a pé, importante característica para mim, que não dirijo:

Edifícios residenciais e corporativos, bancos, shopping centers, restaurantes, comércio e serviços variados criam um polo de atratividade, e o fluxo de pedestres composto pela população flutuante e moradores dos edifícios próximos cria uma atmosfera de bairro, sendo possíveis os deslocamentos a pé. Por essa razão, nessa região as calçadas são largas e funcionais. A fiação é subterrânea.

Tem tudo pra ser uma boa experiência, pensei!

Aproveitei que não precisava ir à faculdade naquele dia e fui até a estação depois do expediente. Para quem não conhece, a General Miguel Costa está localizada bem na divisa de Osasco com Carapicuíba.

Para acessar Alphaville, usei a linha 496 da EMTU. Foi uma viagem relativamente tranquila, além disso, eu me planejei para usufruir do benefício da integração EMTU-CPTM, economizando R$ 1,55, assim, fica a dica: considere usar o BOM já ao embarcar na CPTM, pois quando pagar com o Cartão BOM o ônibus da EMTU, você terá o desconto.

Usando o Trafi para visualizar as opções de transporte coletivo disponíveis

Depois de comer e andar um pouco por algumas das alamedas do centro empresarial, decidi entrar no Centro Comercial Alphaville (CCA), que pode ser resumido como um centrinho comercial com ruas bem estreitas e pequenos jardins.

Um exemplo do que eu encontrei no CCA

Dentro dele, notei muitos imóveis para alugar, aparentemente resultado da chegada de shoppings e edifícios mais modernos, o que me deixou um pouco preocupado, porém, não percebi sinais de degradação ou abandono, tudo estava impecável.

Foi o lugar mais tranquilo de todo o passeio. Praticamente sem o ruído provocado pelos automóveis e sem grandes preocupações para andar. Apesar de os motoristas pararem para os pedestres nas faixas não-semaforizadas sem precisar implorar, um ambiente só para pedestres não tem comparação, é sempre melhor.

Um dos mapas disponíveis dentro do CCA

Se do lado de fora do CCA as ruas e avenidas são denominadas alamedas, dentro dele as pequenas ruas e vielas são denominadas calçadas, cada uma recebendo o nome de uma flor diferente. Como são muitas as calçadas, os mapas localizados em diferentes pontos são uma mão na roda. Dentro do Centro Comercial Alphaville existem diversas opções para alimentação, além de bares, que se somam ao comércio e prestação de serviços.

Finalizo dizendo que, sem dúvida alguma, Alphaville constitui uma importante centralidade para toda a Sub-região Oeste, que atrai profissionais não só da Grande São Paulo, mas também do interior. O centro empresarial é realmente amigável para o pedestre e o CCA surpreende pelo ambiente bem cuidado.

Calçadão de Osasco: a 25 de Março da Sub-região Oeste

A 25 de Março, famosa rua de comércio popular da capital paulista, é praticamente impossível de não ser mencionada em diversas datas ao longo do ano. Não seria, aliás, exagero dizer que é bem movimentada praticamente o ano inteiro.

Mas o que muitos não sabem é que, depois da 25 de Março, logo vem o calçadão de Osasco. Veja só um trecho da reportagem Osasco também tem a sua '25 de Março' do Diário de S. Paulo:

Considerado o segundo maior comércio do país, só perdendo para a Rua 25 de Março, na capital, o calçadão no centro de Osasco receberá, até o Natal, cerca de dez milhões pessoas, de acordo com a Aceo (Associação Comercial e Empresarial de Osasco). São mais de 500 mil pessoas circulando diariamente na Rua Antonio Agu e região, entre as 200 lojas do Osasco Plaza Shopping e as mais de 1,5 mil  espalhadas pelas ruas.

Rua Antônio Agú, sinônimo de calçadão

Diversas linhas de ônibus municipais e intermunicipais atendem o calçadão, que conta com baias para ônibus nas duas faces da Estação Osasco, que por sua vez, recebe os trens das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM.

Cronometrei e uma viagem entre as estações Sé e Osasco leva aproximadamente 35 minutos. Para quem vive ao longo da Linha 9-Esmeralda e busca comércio popular, fugindo dos badalados (e caros) shoppings da região, pode ser mais cômodo (e divertido) acessar o calçadão em Osasco do que apostar no Largo Treze, na região de Santo Amaro.

Um ponto alto do calçadão no Centro de Osasco são os carrinhos de cachorro quente. Há quem diga que é obrigatório comer neles ao visitar a cidade, contudo se você não gosta de comida de rua, não se preocupe, existem outras opções de alimentação, como a Casa do Pão de Queijo e as redes de restaurantes e fast-food no Osasco Plaza Shopping, tudo fácil de acessar e muito perto da Estação Osasco.

Osasco Plaza Shopping (esquerda) e comida de rua (direita). Você escolhe!

Para quem pedala, vale lembrar que é proibido circular com as magrelas na região do calçadão, porém, a estação da CPTM conta com bicicletário coberto.

Quando visitei o calçadão, em dezembro de 2015, preferi comer no Shopping União de Osasco, um dos maiores que já conheci e com uma ampla praça de alimentação. Como já havia comprado uma cota do Bilhete Único Semanal, não precisei me preocupar com o fato de andar apenas uma estação (para acessar o Shopping União de Osasco, desembarque na Estação Presidente Altino).

Tudo começou em Mogi das Cruzes

Meu primeiro post vai falar um pouquinho sobre uma cidade localizada no Alto Tietê, na Sub-região Leste da Grande São Paulo.

Mogi das Cruzes é uma carismática cidade, localizada no final da Linha 11-Coral da CPTM. Seu clima, muitas vezes ameno, sua simpática área central e a característica de cidade-satélite, com relativa independência econômica da capital, me fizeram perceber a Região Metropolitana de São Paulo de uma forma mais "solta", enxergando que São Paulo não é o único grande centro da metrópole e que, mesmo em São Paulo, existem diversos centros que concentram os principais empregos e redutos gastronômicos, culturais etc.

Foto da Praça dos Enfartados
Praça dos Enfartados, no Parque Monte Líbano

Há mais de uma década tenho parentes vivendo em Mogi das Cruzes, mas só de uns anos pra cá comecei a explorar melhor a cidade, levando até amigos para comer alguma coisa e jogar conversa fora, fugindo da rotina e, de certa maneira, fugindo também de São Paulo.

Em conjunto com a Zona Leste, conectada a Mogi das Cruzes também pela Linha 12-Safira da CPTM, os deslocamentos são encurtados. Em conjunto com o centro de Suzano (que concentra um grande polo comercial), mesmo o acesso à Zona Leste de São Paulo pode ser evitado ou feito apenas se realmente houver interesse.

Outros atrativos de Mogi são: facilidade de acesso a Bertioga e Vale do Paraíba, presença de hotéis de grandes redes e potencial turístico (a cidade é atendida pelo Expresso Turístico da CPTM e conserva distritos como Sabaúna).